sábado, 30 de março de 2013

AÇÃO SOLIDÁRIA NO ORFANATO SANTA RITA DE CÁSSIA







Luiz Mantovani, vice-diretor do grupo Monarquista Restauradores, do Rio de Janeiro, está organizando, com apoio dos Príncipes da Casa Imperial do Brasil, no dia 6 de abril de 2013 às 9h, uma Celebração, seguida de ação solidária no Orfanato Santa Rita de Cássia.

Fundado há 81 anos, o lar, que fica na rua Florianópolis, Nº1305, Praça Seca, em Jacarepaguá, abriga 80 meninas, que vivem sob responsabilidade e carinho da Irmãs Franciscanas da Congregação de Nossa Senhora do Bom Conselho. O objetivo da ação do dia 6 de abril, é compartilhar momentos de alegria e solidariedade, distribuindo chocolates, alimentos e material de higiene pessoal para as crianças.

Contribua com a ação solidária. Participe. Conheça o Orfanato Santa Rita de Cássia através do site www.orfanatosantaritadecassia.com.br

XXIII ENCONTRO MONÁRQUICO E COMEMORAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DO CHEFE DA CASA IMPERIAL DO BRASIL, OCORRERÃO EM JUNHO

O Instituto Pró Monarquia já divulgou as datas dos eventos mais esperados pelos Monarquistas Brasileiros. O XXIII Encontro Monárquico e a tradicional Missa, seguida de almoço, em homenagem ao Chefe da Casa Imperial do Brasil, vão ocorrer no mês de junho. Fique atento ao calendário: 15/06, sábado, XXIII Encontro Monárquico, no Hotel Windsor Flórida, no Flamengo; 16/06, domingo, Missa de Ação de Graças na Igreja do Outeiro da Glória, seguida de almoço em homenagem aos 75 anos do Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, no Hotel Windsor Flórida. O programa do Encontro, bem como os valores de adesão e tarifas de hospedagem conveniadas com hotel, serão anunciados em breve.

terça-feira, 12 de março de 2013

Sua Alteza Real Dom Antonio de Orleans e Bragança visita a UNIFOZ








Para encerramento das festividades dos 159 anos da Polícia Civil do Paraná foi convidado a comparecer na 6 SDP de Foz do Iguaçu, S.A.R o Príncipe Dom Antônio de Orleans e Bragança. Dom Antonio é bisneto da Princesa Isabel e engenheiro civil. No período da tarde o príncipe conheceu as instalações da UNIFOZ e conversou com diretores, professores e alunos. Os professores Marcos Fernando da Silva Fontes, Maria Cristina Bortoletto Fontes, Marcelo Gubert e Flavia Piccini Gubert fazem parte da equipe de docentes do curso de pós graduação em Direito Administrativo e Gestão Pública da UNIFOZ

segunda-feira, 11 de março de 2013

Assessoria do Comendador Rafael Alves de Almeida vai Justiça contra publicação de fotos na rede social



Advogados da família real vão fazer, nesta semana, uma queixa criminal contra a Luiza Lopes Sousa, por ter publicado fotos  Comendador D.Rafael de Almeida, dizendo inúmeras barbaridade contra a sua pessoa pessoa.
Uma porta-voz do palácio declarou que a publicação das fotos é um “grotesco abuso de privacidade” e que já foi lançada uma ação civil contra a Luiza Lopes Sousa – que publicou os comentário de Rafael, A representante da família real disse também que os advogados assinariam nesta segunda uma queixa com promotores contra a garota envolvidos no caso. “A queixa se refere os comentário e falsas acusação. Á publicação dessas fotos ignorando sua privacidade”, declarou a porta-voz.

O diretório Monárquico declarou que caberá à justiça decidir investigar e abrir queixa criminal por invasão de privacidade e difamação .

domingo, 10 de março de 2013

Rousseau e o patriotismo: em teu seio a liberdade, pátria amada Brasil?


Rousseau via o amor próprio como sendo o grande vício do homem; desencadeou a propriedade privada (“isso é meu”) e, conseqüentemente a desigualdade no mundo.

Enquanto homem natural, não havia noção de propriedade, nem havia noção de coisa alguma, senão aquela agregada aos instintos de sobrevivência. O único sentimento do homem primitivo era a piedade, mas, mesmo ela, não havia da forma como a conhecemos hoje. Assim como nos animais, a piedade no estágio primata era a simples concepção de não querer mal ao outro, não significando necessariamente querer-lhe bem.

Rousseau afirma que toda a desigualdade da espécie humana deu-se a partir do advento da propriedade privada. Deve-se a esta visão de Rousseau a principal fonte de inspiração da doutrina socialista, e o motivo pelo qual é tido como precursor desta.

Percorrendo sua obra, percebe-se muitas vezes uma certa contradição. Dentro do enfoque “patriotismo”, ao mesmo tempo em que afirma que a posse originou toda a desigualdade no mundo, defende o amor pelo Estado como sendo o elixir da salvação de um povo, em seu “O contrato social”.

A defesa voraz da pátria, o respeito à lei local e à vontade geral traduz claramente o que Rousseau pensava acerca da união do povo contra as mazelas da desigualdade. Talvez ele sonhasse com o retorno do homem ao seu estado natural, já que descrevia esse tempo como sendo o mais feliz. Sabia de certo, porém, que tais primórdios já haviam se transformado em vaga lembrança, guardada tão somente nos instintos mais íntimos e selvagens do “bicho-homem”; preferiu então se ater, depois de denunciar sua revolta romântica, claro, ao pacto social já firmado.

Em seu “O contrato social”, Rousseau revela os caminhos a percorrer para livrar-se dos laços da dependência, fruto da desigualdade gerada primeiro pelo mais forte, depois pelo mais belo, astuto e rico. Mas, para atingir o “nirvana” da convivência social e, senão destruir, diminuir ao máximo o domínio de um homem sobre o outro, é preciso que o próprio homem queira libertar-se. O homem nasceu livre e, no entanto, não encontra forças para se desvencilhar das grades que o aprisionam, assim como o passarinho que vive num cativeiro e que desaprendeu a voar.

O patriotismo segundo Rousseau segue o mesmo caminho, o raciocínio é igual. Um cidadão que perde o amor pela sua pátria torna-se um homem vazio, sem lar, sem família, pois sua casa, que outrora já foram os campos, as cavernas, hoje é seu país, que o abriga e o protege dos predadores estrangeiros (bichos, povos bárbaros, ataques terroristas, neocolonialismo: a diplomacia nos protege mesmo das feras estrangeiras?). Seus irmãos são seus compatriotas, e não mais a solidão nômade da selva ou quiçá um animal errante esperando tão somente as sobras de sua caça.

Não é raro ouvir que ser um apátrida é a condição mais indigna que pode haver. Um apátrida não tem quem o acolha, quem o defenda, quem proteja seus direitos com a soberania nacional (até quando?), quem o receba como filho depois de uma longa viagem, quem aqueça seu coração na hora da chegada, sussurrando ao pé do ouvido “você está em casa agora”, quem lhe dê um sobrenome na forma de nacionalidade. Um apátrida não possui um lugar para onde ir, sequer um para onde voltar, um lugar onde possa simplesmente ser clichê e dizer “lar, doce lar”.

A pátria é mais que um lar,é uma mãe, mãe gentil, como sabiamente declama nosso hino nacional. Assim como a mãe protege seu filho em qualquer condição, a pátria não abandona nenhuma de suas milhares de crias. Ela está sempre à espera, de braços abertos, mesmo quando renegada ou esquecida.

Rousseau afirma que a sociedade ideal é aquela que funciona sob convenção, assim como a família, primeiro exemplo de sociedade, e em sua forma talvez mais perfeita. Aliás, a família é um ótimo exemplo de como a dependência pode influir na construção de pactos sociais ou mesmo de determinada forma de governo; ali, enquanto há dependência, há submissão e muitas vezes o autoritarismo impera. Quem nunca ouviu o pai dizer: “Enquanto comer da minha comida, terá que fazer o que eu quero.” ? É fato que, enquanto o filho depender do pai para sua subsistência, deve, até porque não tem outra escolha, submeter-se à sua vontade. Mas, uma vez cessada essa relação de dependência, o filho se vê livre para ir embora, permanecendo no clã apenas se se sentir confortável para isso, apenas se esta for a sua vontade.

O mesmo ocorre com o povo e seu governo. Quando o governante domina seu povo, este não vê outra solução senão obedecer, submetendo-se então aos desmandos daquele. É o que podemos facilmente perceber nos governos de hoje; governos de um lado opressores e de outro puramente assistencialistas, que, como nos lembra a filosofia bíblica, “dá o peixe ao homem, mas não o ensina a pescar”. Ou seja, passam-se eras inteiras, e o governo nunca liberta o dependente de sua condição, ao contrário do pai, que deixa seu filho seguir o caminho que melhor lhe convir.

A questão é que, como já dito anteriormente, o homem ainda preserva em seu íntimo sua condição de animal. Absurdo? Então reparemos o “cio” mensal da fêmea, o feromônio que atrai o macho para o acasalamento e o porque de as mulheres voluptuosas estarem sempre no topo das listas das mais sensuais, mesmo num tempo onde magreza é status. Da mesma forma que o homem se inspira na própria mãe quando procura uma companheira, quando ele nasce desprovido de liberdade simplesmente desaprende a ser livre; o mesmo ocorre com uma criança que fora mimada, ela não consegue caminhar sozinha.

Iria até mais longe, numa rompante ousadia filosófica: O homem busca sempre de um norte, uma crença em algo maior para não se sentir perdido (até mesmo um cientista ateu se curva diante da mágica da física nuclear e dos enigmas da natureza esboçados em equações complexas que tentam provar a existência da antimatéria, assim como um humanista sente o coração bater mais forte quando viaja pelo emaranhado labirinto da mente humana). Um cardume de golfinhos, até onde se sabe, não pratica nenhum culto religioso, vivem muito bem com isso, e, para a nossa surpresa, seu sonar lhes proporciona o maior senso de direção dentre os mamíferos – eles não devem se sentir perdidos como nós, certamente. Seria, então, a religião mais um grilhão que o homem não consegue se desvencilhar?

Portanto, não é difícil imaginar o por quê de os escravos terem demorado tanto tempo para fugir para os kilombos, ou a “juventude terrorista” não ter contado com o apoio da grande massa para despor o regime violento instituído pela ditadura militar. Ao acusar a neoesquerda como “populista”, dissimulando o sentido da palavra e transformando-a em sinônimo de “oportunista”, o movimento conservador aponta para o mesmo aspecto: a dependência e a dificuldade de livrar-se dela. A liberdade é magnífica, quanto a isso não há o que discutir; é o tesouro do homem e, como todo tesouro guardado por piratas, é muito difícil resgatar e quase sempre é preciso muito suor e muito sangue para tê-la de volta.

O caminho longo e tortuoso em busca da liberdade tem uma rota, uma estrada: o patriotismo. É somente com amor à causa e perseverança que se derrota o inimigo. Quando o inimigo em questão se encontra dentro de nossas mentes, a trilha se torna muito mais complexa. Uma vez que a descrença e a baixa auto estima usurpa o lugar da esperança e do amor próprio, o trajeto rumo à liberdade e à harmonia torna-se quase impossível. Quase, porque o inimigo está dentro de nós; não é impossível aniquilá-lo, é só um pouco mais difícil. Difícil porque não se trata de umas lutas com armas, estratégias militares nem tecnologias mortíferas, mas sim uma luta de flores, amor e fé. Absurdo? Não nos esqueçamos de Ghandi, que libertou seu país sem levantar a voz nem pegar numa arma sequer.

A nossa mãe nunca vira as costas para nós; nós quem muitas vezes viramos para ela, ao desistir de lutar, ao parar de acreditar, ao desmerece-la. Nossa mãe tem fibra, passou por 500 anos de violência, escravidão, ditaduras, saques (pau-brasil, ouro, café, laranja, mão -de -obra barata, Amazônia..), ingratidão de todo tipo. E, no entanto, continua linda, majestosa, abençoada por Deus com seu clima tropical, com a beleza heterogênea de seu povo, com um futuro promissor que nunca chega 6.

O Brasil é o país do futuro dizem. Por que não fazer dele o país do presente? Por que não agradecer a nossa mãe da melhor forma, protegendo-a e cuidando para que ela não pereça?

Sou Brasileiro e não desisto nunca, dizem. Por que estamos desistindo agora, agora que podemos gritar sem correr o risco de sermos presos ou torturados em algum porão imundo? Por que nos deixamos submeter?

A culpa é da falta de percepção, dizem. Mas como adquirir percepção se não temos educação? E se tivermos educação, ainda sim, como detectar quem é o lobo e quem é o cordeiro, se estamos todos contaminados, se estamos todos surdos?

É por isso que esse país não vai pra frente, dizem. Por causa da ignorância. Ignorância de quem, afinal? Do povo, que quer sobreviver num mundo palpado pelo egoísmo neoliberal? Ignorância daquele que enxerga, mas não vê? E se a pedra do gênesis estiver em solo tupiniquim?

Meus heróis morreram de overdose, dizem. A solução será votar no menos pior? Esperar pelo messias? Intitular um indigno como mártir? Até quando esperaremos a chegada do “cavaleiro da esperança”?

Assim como o antídoto é criado a partir do veneno da serpente, Rousseau defendia a busca pelo amor próprio como remédio que salvaria o povo do veneno da dependência.

Reescreveremos nossa história a partir de hoje, nós também somos responsáveis pelo conteúdo dos livros de amanhã. Pegando carona na rosa dos ventos, que ecoa em todas as direções, levemos nossa mensagem, fazendo-se entender pela língua universal, com o orgulho de quem pode tê-lo: somos “made in brazil”

Por Olivia Ricarte

ENTREVISTA EXCLUSIVA DA PROFESSORA VALDIRENE DO CARMO AMBIEL AO BLOG MONARQUIA JÁ SOBRE A EXUMAÇÃO DOS DESPOJOS DO IMPERADOR DOM PEDRO I E DAS IMPERATRIZES DONA LEOPOLDINA E DONA AMÉLIA


QUINTA-FEIRA, 7 DE MARÇO DE 2013






Ela ajudou a recontar parte da História do Brasil. Historiadora, especializada em Arqueologia, a Professora Valdirene do Carmo Ambiel acaba de concluir seu mestrado sobre a exumação dos despojos do Imperador Dom Pedro I e das Imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia. O brilhantismo de seu trabalho atraiu os olhares da mídia curiosa e, o que já era sabido para os monarquistas, passou a ser notícia em todos os meios de comunicação do país, sendo manchete também na Europa, Estados Unidos e China. A Professora Valdirene concedeu entrevista exclusiva ao Blog Monarquia Já para contar um pouco mais sobre as pesquisas:

BMJ - Professora Valdirene, em nome dos leitores, colaboradores e da equipe de edição, o Blog Monarquia Jáagradece a franca disponibilidade em conceder esta entrevista.

Professora Valdirene - Obrigada pelo apoio!

BMJ - Por que pesquisar a cripta do Monumento à Independência, no Ipiranga, e exumar os corpos do Imperador e das Imperatrizes?

Professora Valdirene - Como os senhores já devem ter visto na imprensa, o local sofre com infiltração de água, já há muito tempo. Eu nasci poucos quarteirões do local e passei minha infância brincando no local. Quando o corpo da Imperatriz Dona Amélia chegou, eu estava entre as pessoas que aguardavam, na época eu tinha 11 anos. Logo, eu via os problemas e temia que esta umidade afetasse os remanescentes humanos, de forma que pudéssemos perdê-los para sempre. Quando tive a oportunidade de apresentar meu projeto de mestrado no MAE/USP, pensei em fazer algo sobre isso, mesmo porquê, meu TCC em História havia sido sobre a participação política de Dona Leopoldina no processo de Independência do Brasil.

BMJ - Quando começaram os trabalhos de pesquisa e porque a necessidade do sigilo?

Professora Valdirene - As pesquisas na Cripta ou Capela Imperial começaram em fevereiro de 2012, mas as pesquisas bibliográficas e nos documentos históricos começaram em 2007.

O sigilo foi porquê nós não tínhamos nada para dizer. É possível que as dúvidas da imprensa fossem as mesmas que nós tínhamos. Por isso, optamos por falar quando tivéssemos algo a dizer.

BMJ - Como a Família Imperial recebeu o pedido da exumação dos despojos Imperais?

Professora Valdirene - Eu já conhecia Dom Luiz e Dom Bertrand desde quando fiz as pesquisas para minha graduação. Acredito ter transmitido confiança aos Príncipes, porém, eu passei como todo o trabalho seria feito. É claro que não pensava que contaria com as tomografias e análises do Instituto de Física. O mesmo material foi enviado a Dom Pedro Carlos, devo dizer que os Príncipes tiveram a atitude digna de descendentes de Dona Leopoldina.

Contei com o apoio de uma pessoa do Pró Monarquia que se transformou em um Grande Amigo: Gustavo Cintra do Prado.


A professora Valdirene falou aos monarquistas sobre seus trabalhos no Encontro Monárquico do Rio de Janeiro, em julho de 2012


BMJ - Sabe-se que o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, representando seu irmão, Dom Luiz, Chefe da Casa Imperial, acompanhado de sua assessoria e de membros do Instituto Pró Monarquia, fizeram inúmeras visitas a cripta. Que outros membros da Família Imperial estiveram lá?

Professora Valdirene - Basicamente só eles.

BMJ - Uma benção antecedeu a abertura dos sarcófagos, descendestes dos Imperadores estavam lá. Apesar de ser, para a equipe de profissionais e para a Senhora como pesquisadora, um evento científico, como foi a emoção de ver os restos mortais daqueles vultos históricos que garantiram ao país a independência, a nacionalidade e a identidade brasileira?

Professora Valdirene - Não posso dizer que não sou admiradora de Dona Leopoldina, não só pelo lado político, mas por tudo que ela fez pela Ciência em nosso país. Tive a oportunidade de “reconhecer” a figura de Dom Pedro I (que merece uma releitura) e também o enorme prazer de conhecer a figura fantástica de Dona Amélia. Para mim, a sensação foi de uma admiradora vendo seu ídolo, algo emocionante, pois eles não eram mais páginas de livros, nós tivemos a certeza que eles eram seres humanos e tiveram uma vida como nós temos a nossa hoje. Isso faz com que o respeito, que já não era pouco, aumente ainda mais.

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Para mim, a sensação foi de uma admiradora vendo seu ídolo, algo emocionante, pois eles não eram mais páginas de livros, nós tivemos a certeza que eles eram seres humanos e tiveram uma vida como nós temos a nossa hoje. Isso faz com que o respeito, que já não era pouco, aumente ainda mais.
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A celebração que antecedeu a abertura dos ataúdes
Foto: divulgação


BMJ - Quais foram os procedimentos executados nos corpos do Imperador e das Imperatrizes?

Professora Valdirene - Cada um teve um procedimento diferente, pois seu estado era diferente:

a) Dona Leopoldina estava com o corpo esqueletizado. Sua urna funerária havia sido substituída na segunda metade da década de 1980, por isso não foi necessária a troca, pois estava bem preservada. As vestes (de gala Imperial) estavam preservadas, mas em situação frágil, natural pelo tempo. Como tivemos as imagens da tomografia para analisar os ossos e a própria roupa, não foi necessária uma decapagem arqueológica mais intensa que poderia comprometer as vestes.

b) Os remanescentes humanos de Dom Pedro I estavam nas urnas que o trouxeram de Portugal, em 1972: o corpo em um caixão de madeira rudimentar (tradição da época, séc.XIX), dentro de uma 'placa de chumbo' que aparece nas bibliografias como caixão de chumbo. Estas duas urnas, no caso, estavam dentro de um grande ataúde, feito de pinho português, com um crucifixo e as coroas de Portugal e Brasil (o que mostra que era realmente de 1972, e não de 1834).

A urna que abrigava o corpo estava totalmente comprometida, o que nos obrigou a fazer a decapagem arqueológica total, ou seja, retirar todo o conteúdo da urna e colocar em uma outra para o exame de tomografia.

Após o exame, a urna que abriga o corpo foi substituída, por outra também de madeira rudimentar, mas o fundo foi forrado com tecido de puro linho branco, material usado para preservação de despojos humanos desde a antiguidade. Esta urna foi colocada dentro do caixão de pinho português.

c) Dona Amélia estava com o corpo sem sedimentos, não foi necessária a decapagem arqueológica. E seu corpo estava preservado. Só nos restava levá-lo para tomografia, onde vimos que a preservação também foi dos órgãos internos.

As urnas de Dona Amélia (madeira, chumbo e esquife) foram substituídas, pois apesar de resistir e preservar o corpo por 30 anos, apresentavam sinais de desgaste. Logo, compramos uma nova urna, como as que são usadas para longos traslados, com zinco no lugar do chumbo. Foi feito um trabalho de preservação no corpo, que chamamos de reembalsamamento, que visa preservar o corpo da ação de micro-organismos. O mesmo procedimento foi aplicado na urna.

BMJ - Depois de aberto os ataúdes, verificou-se que o corpo da Imperatriz Dona Amélia está praticamente intacto. A que se atribui este fenômeno?

Professora Valdirene - Ainda estamos fazendo exames, mas é possível que seja pelo fato da urna ter sido hermeticamente fechada em 1873 e pelo mesmo cuidado ter sido feito em 1982.

Encontramos uma incisão na região da jugular, este procedimento foi feito após a morte, acreditamos que tenha sido para preservar o corpo para os funerais que demoravam em torno de 3 dias. Como o corpo foi hermeticamente fechado, como afirmamos, é possível que as ações responsáveis pela decomposição tenham sido anuladas, preservado o corpo. Ou seja, foi acidental.

BMJ - De acordo com os exames realizados, as características físicas de Dom Pedro I e Dona Leopoldina, que as pinturas, alegorias e a historiografia transmitiram, remetem a realidade?

Professora Valdirene - Só teremos certeza disso em meu doutorado, quando análises mais precisas serão feitas com base nas tomografias. Mas, em um exame superficial, é possível notar que Dona Leopoldina possuía uma ossatura fina, característica de uma mulher não muito robusta. Acreditamos que ela tenha sido retratada desta forma pelo número de gestações que teve, e quase que sucessivas, além dos problemas com o clima do Rio de Janeiro, para alguém de um ambiente frio pode trazer certos problemas. No caso da estatura de Dom Pedro, um homem com estatura entre 1,66m e 1,73m não pode ser considerado baixo, inclusive até bem pouco tempo atrás.

BMJ - Sobre Dona Leopoldina, o Príncipe Dom Bertrand, na qualidade de descendente direto dos Imperadores, destacou em entrevistas que “ao contrário do que informam os historiadores malévolos, ela não morreu porque recebeu um pontapé do marido. A pesquisa prova que o aborto que sofreu foi espontâneo e a morte dela não foi decorrente de nenhuma violência”. A Senhora, como historiadora, como vê esta nova realidade da História?

Professora Valdirene - O que eu fiz foi buscar informações em fontes primárias (documentos da época), seja no IHGSP ou no Museu Imperial. Passei os laudos médicos para o Dr. Luiz R. Fontes (ginecologista/obstetra e legista), pois, eu sou historiadora e arqueóloga. Tenho condições de ler estes documentos, mas não de interpretá-los. Eu cheguei a esta conclusão com base nestas análises. Porém, como historiadora, não posso acreditar em verdades absolutas, mas em versões com base nas fontes que usei. Se amanhã alguém tiver acesso a documentos e análises que provem contrário, podemos discutir sobre isso.

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Foi feito um acordo para que o Museu Imperial lance minha tese, com outros dados inseridos. Espero que isso aconteça ainda este ano. Há também a intenção de fazer um documentário, mas neste caso precisamos de patrocínio, pois os gastos são muito grandes.
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BMJ - Dom Pedro I e Dona Leopoldina estavam totalmente descompostos, Dona Amélia estava intacta. O que foi feito das vestimentas que os Imperadores usavam?

Professora Valdirene – Sobre Dona Leopoldina, como afirmei acima, nós não mexemos nas vestes apenas coletamos amostras para análises.

Dom Pedro estava com as vestes, inclusive botas, totalmente fragmentados, sem condições para restauro. Nós recolhemos este material para análises do nosso trabalho também.

Dona Amélia estava com as vestes intactas, logo, pegamos pequenos fragmentos para análises. Mesmo no processo de reembalsamamento as vestes da Imperatriz não foram mexidas, pois como houve um tratamento na urna, este procedimento seria absorvido pelas vestes, não havendo, portanto necessidade de retirá-las. Eu mesma apliquei esta substância nas mãos, pés e rosto da Imperatriz. A urna de zinco foi soldada, da mesma forma que em 1982.

BMJ - Dona Amélia foi recolocada ao sarcófago como foi exumada, ou seja, intacta e com suas vestes?

Professora Valdirene - Bem, esta pergunta já foi respondida. Apenas para confirmar, em nenhum momento as Imperatrizes foram desprovidas de suas vestes e é claro, continuam com as mesmas em seus ataúdes.

BMJ - Há riscos de deterioração dos despojos de Dona Amélia depois de ter saído de um ambiente hermético e ter sido exposta ao ar e possíveis invasores?

Professora Valdirene - Com o tratamento que fizemos e com o monitoramento semanal que está sendo realizado por mim mesma, com a permissão do DPH (da Prefeitura de São Paulo), não, porquê se houver um sinal de deterioração, pois pode haver alguma deterioração no zinco, nós logo saberemos e tomaremos as medidas necessárias. O Serviço de Verificação de Óbitos da Capital - SP (FMUSP), está me auxiliando neste trabalho.

BMJ - Recolhidos os fragmentos das vestimentas Imperiais, as ordens honoríficas e as joias, para onde foram encaminhas e o que se planeja fazer com os objetos?

Professora Valdirene - As comendas, brincos, botões e um fragmento do manto da Imperatriz Dona Leopoldina foram entregues ao Museu da Cidade de São Paulo, órgão ligado ao DPH. Nós não sabemos quando serão expostos ao público, pois agora cabe ao DPH e Secretaria da Cultura do Município de SP.

Porém, como as análises feitas nos fragmentos foram as não destrutivas, realizadas pela equipe da Prof.ª Dra. Márcia Rizzutto do Instituto de Física da USP, nós pretendemos doar este material ao Museu Imperial, para que seja exposto ao público e analisado pelas gerações futuras. O Museu Imperial já está em contato com o IPHAN para verificação dos trâmites para esta doação.

BMJ - Matérias de jornais famosos e revistas conceituadas informam que as pesquisas não vão parar. Quais os outros objetivos que a equipe de pesquisa tem e o que será possível fazer com os dados coletados?

Professora Valdirene - Ainda não fizemos nada. Temos que processar todos os dados coletados nas pesquisas de campo. Este trabalho fará parte do meu doutorado.

BMJ - A Senhora apresentou sua defesa de mestrado com o título “Estudos de arqueologia forense aplicados aos remanescentes humanos dos primeiros imperadores do Brasil depositados no monumento à independência”, no Museu de Arqueologia e Etnologia – MAE, da USP, no último dia 18 de fevereiro. Como a banca recebeu este título e que considerações podem ser feitas sobre o trabalho?

Professora Valdirene - Não houve problema com a banca, pois foi isso que ocorreu. Eu usei muitos métodos forenses, como por exemplo, para estabelecer as estaturas e a questão de fraturas. Entretanto, foi um trabalho de Arqueologia Histórica, por isso o título: "Estudos de Arqueologia Forense Aplicados...", mas não foi um trabalho tradicionalmente forense.

BMJ - Depois de um brilhante trabalho, com grandes elogios dos Príncipes da Casa Imperial Brasileira, sendo alvo de manchetes de jornais e revistas do Brasil e do mundo e ajudando a recontar parte da História do Brasil, como a Senhora vê todo este sucesso e a repercussão?

Professora Valdirene - Não estou muito acostumada com a imprensa... Mas entendo que foi um importante passo para nossa história, além de uma dose de ânimo aos nossos historiadores e arqueólogos. O que fiz com este trabalho foi lançar novas abordagens aos meus colegas. Nós, da área das Ciências Humanas, devemos produzir conhecimento, assim como toda Ciência, e não só reproduzir.

O caso dos Príncipes, eles me deram muita força durante todo o trabalho, inclusive quando minhas pernas e braços fraquejaram. Devo muito a eles.

BMJ - A Senhora planeja lançar alguma obra, quem sabe um livro, de alcance popular, servindo também como base de pesquisa?

Professora Valdirene - Sim, neste final de semana dei uma palestra no Museu Imperial, onde foi feito um acordo para que o Museu Imperial lance minha tese, com outros dados inseridos. Espero que isso aconteça ainda este ano. Há também a intenção de fazer um documentário, mas neste caso precisamos de patrocínio, pois os gastos são muito grandes.

BMJ - Infelizmente quase nada se fala e pouco se pesquisa sobre nossos verdadeiros personagens históricos. Dona Leopoldina e Dona Amélia permanecem ilustres desconhecidas para muitos Brasileiros. A Senhora acha que com este belo trabalho, pode-se abrir precedentes para novas pesquisas sobre o Império?

Professora Valdirene - Espero que sim, mas terá que ser uma pesquisa séria, a História tem que ser vista como Ciência que ela é e não romance como vemos em muitas publicações nos últimos anos.

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A História tem que ser vista como Ciência que ela é e não romance como vemos em muitas publicações nos últimos anos.
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BMJ - O que fica depois de um longo trabalho como este?


Professora Valdirene - A vontade de começar a nova eta