sábado, 3 de novembro de 2012

Príncipe herdeiro repete viagem de tataravô e protagoniza expedição



Dom João Orleans e Bragança conferiu a trajetória de seu tataravô Dom Pedro II, e garantiu que vai voltar ao São Francisco para escrever livro


Jamylle Bezerra


Adailson Calheiros


Herdeiro da coroa brasileira fala de seus planos profissionais

O príncipe dom João Henrique Maria Gabriel Gonzaga de Orleans e Bragança, 55 anos, tataraneto do imperador Dom Pedro II, foi a grande “estrela” da expedição Caminhos do São Francisco, que movimentou todo o Baixo São Francisco, da sexta-feira, 16, com saída em Piaçabuçu, até o final da segunda, 19, em Delmiro Gouveia.

A expedição foi inspirada pela primeira viagem do imperador Dom Pedro II, em outubro de 1859, que registrou num diário de bordo toda sua aventura. O governo de Alagoas, representado pelas secretarias do Turismo, Cultura, Planejamento e Comunicação, com a parceria do Sebrae e municípios, resgatou as pistas deixadas pelo imperador, com um marco em cada local visitado.

Autor de 10 livros de fotografias, o príncipe revelou a pretensão de lançar um que vai mostrar, além das belezas naturais, as expressões artísticas e culturais das pessoas que vivem às margens do Rio São Francisco. A publicação deve sair em breve e vai contar com o apoio do Governo do Estado de Alagoas.

Durante quatro dias, o príncipe pôde sentir de perto o calor do povo ribeirinho e se encantar com as belas paisagens da região. Mesmo debaixo de um sol escaldante, Dom João não deixou transparecer o cansaço e concluiu a viagem com a mesma alegria e simpatia que demonstrou no início da expedição.

Como está sendo refazer a rota feita por seu trisavô há 150 anos? O que o senhor achou da proposta de transformar esses caminhos em um roteiro turístico?
Dom João – Eu achei uma grande ideia porque é uma alavanca para deslanchar o processo de organização, de padronização e de união de todos os municípios para desenvolver o turismo, que é, hoje em dia, uma das maiores indústrias do mundo. O Brasil recebe pouquíssimos turistas estrangeiros ao ano, cerca de 5 milhões. Para você ter uma ideia, Nova Iorque recebe 45 milhões de pessoas. Então, imagine o potencial que ainda temos pela frente para desenvolver na área de turismo e, principalmente, em regiões como Alagoas, que tem um mar muito bonito e tem o Rio São Francisco com toda sua história. Eu acho que Alagoas tem nas mãos um produto para gerar emprego e renda muito bom. A proposta do governo de Alagoas foi excepcional porque viu que a viagem de Dom Pedro II é uma alavanca, é um marco histórico que ajuda a fazer um produto melhor ainda. Ou seja, a comemoração dos 150 anos da viagem de Dom Pedro II é um marco para que daqui para frente seja revitalizado esse roteiro, só que agora com a indústria do turismo.

O senhor já tinha percorrido essa rota antes?
Dom João – Não. Eu só conhecia de Alagoas a capital, Maceió, o litoral norte e o município de Penedo, onde já fui duas vezes.

Adailson Calheiros


Dom João destacou iniciativa do governo de Alagoas em fomentar a rota


E o que achou dos lugares percorridos durante esses quatro dias?
Dom João – Navegamos de Piaçabuçu até a Foz do São Francisco, e eu estou fascinado. Foi uma recepção calorosa, um povo muito simpático por todos os lugares onde passamos. Estou muito honrado em participar deste

Como é ser príncipe aqui no Brasil? As pessoas têm saído de casa para ver o senhor, para conhecer de perto o herdeiro da coroa. Qual é a sensação ao perceber isso?
Dom João - Eu digo sempre que tenho muito orgulho por causa da história da minha família no Brasil. Nós somos todos iguais, nascemos iguais e morremos iguais. A democracia funciona dessa forma, e eu sou um grande democrata. A história da minha família é relembrada em livros de escola, nas faculdades. É uma história de muitos serviços prestados ao Brasil, como a Independência, os 49 anos de reinado de Dom Pedro II, a abolição da escravatura pela Princesa Isabel. O Brasil reconhece esse período da história como muito importante. Dom Pedro deixou relatos de todos os lugares por onde passou, e esse percurso mostra que ele conhecia e procurava conhecer cada vez mais os lugares do Brasil.

Fazer esse roteiro despertou no senhor o desejo de publicar um livro sobre essa região do Baixo São Francisco?
Dom João – Eu tenho dez livros de fotografias publicados, sempre sobre o Brasil, nossa gente, nossa natureza, nosso patrimônio histórico. Já tinha esse desejo de fotografar essa região há muito tempo, pois é uma região muito rica, muito diversa. O Baixo São Francisco possui uma distância relativamente curta, são cerca de 240 quilômetros entre a foz do rio e a cachoeira de Paulo Afonso (BA). A minha ideia é fazer natureza, patrimônio histórico, paisagens, fotos aéreas e também as manifestações populares, as festas folclóricas, os retratos da gente que mora nesses lugares, porque o maior patrimônio que nós temos é a nossa gente.

E para isso o senhor vai voltar mais vezes a Alagoas?
Dom João – Muitas vezes, com certeza.

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